25 setembro 2006

Guidinha e Morrasco ... E viveram felizes para sempre???

Guidinha e António Morrasco ... história maiiiii linda na cidade do Porto, até hoje nunca foi conhecida.


Guidinha e António Morrasco viviam na Travessa de S. Brás, no centro do Porto, numa humilde casinha de três assoalhadas. Não, não era um T3, mas sim uma casa com três divisões, mais precisamente dois quartos, uns dos quais servia também de sala de estar e de sala jantar, e um corredor estreito, um espaço polivalente por sinal, que também acumulava as funções de cozinha e despensa.


E perguntam vocês: E casa de banho? Pois, no seu domicílio fiscal, este casal maravilha não possuía casa de banho exclusiva. Esta divisão, era partilhada com as restantes seis famílias do condomínio. Por isso, ao Domingo, era vê-los todos em fila, de chinelos, toalha, champô e sabonete na mão, à espera da sua vez para tomar banho. Com a grande vantagem de que podiam ser o último da fila que não fazia qualquer diferença, pois pela canalização só corria água fria!!!


Na sua humilde residência, por incrível que pareça (obviamente, pelo facto do espaço já ser exíguo para apenas duas pessoas), viviam ainda mais pessoas. Ora deixem-me ver se consigo precisar quantos mais ...


... na realidade eram mais três famílias que lá viviam, a saber: para além de Guidinha e António Morrasco, viviam os seus três filhos e respectivas esposas e prole, que vos devo confessar, eram mais que as mães.


Jorge e Graça e seus rebentos de nome Bruno Cristiano, Mónica Susana, e Vânia Cristina; Ruca e Nanda e seus filhos Karina (com K, claro), Ruben Filipe e Jónia (sim não é erro, era mesmo Jónia, vá-se lá compreender as motivações), e finalmente Evaristo que apenas em idade avançada se juntou com Maria da Luz, mulher já divorciada, com quem teve dois filhos, o Marco Paulo e o Cristiano Ronaldo.


Pois a vida corria pacífica no n.º 57, com a excepção dos dias em que António Morrasco ou seu filhos apanhavam a bebedeira.


Se era Morrasco que chegava bêbedo a casa, a coisa era mais ou menos pacífica, pois o que ele queria era apenas que o deixassem em paz para poder deitar a cabeça na almofada e dormir.


Quando era Jorge o caso mudava de figura, pois este, não só não tinha sono, como ainda mais enfurecido ficava, de tal forma que só lhe dava para bater violentamente com a sua cabeça na parede ... da rua que era para toda a gente poder partilhar o espectáculo. Certa noite, tanto bateu, tanto bateu, que acabou por rachar a cabeça e desmaiar, tendo ficado a dormir na rua até às 6h30m manhã, hora em que Guidinha se levantou para ir comprar moletes à padaria para dar de comer àquela gente toda.


Por sua vez, quando era Ruca a ficar bêbedo a história era bem diferente, pois nem batia em ninguém, nem batia com a cabeça contra a parede, muito pelo contrário ... era Nanda que batia com a cabeça dele contra a parede ... da rua (para que toda a gente pudesse ver o espectáculo) até que ele ficasse, ou pelo menos lhe parecesse sóbrio.


Já Evaristo, irmão mais velho, era uma paz de alma. Homem trabalhador, só via Maria da Luz à sua frente ... pelo menos até ao dia em que a luz (do sol) apareceu e ele apanhou a Luz (sua esposa) no "tricknites" com Banana ... um meliante preguiçoso e cheio de vícios, que vivia numa carrinha no fundo da viela. E foi precisamente nessa carrinha que Maria da Luz viveu ainda uns meses largos, até Evaristo, homem de coração mole, a ter perdoado e recebido novamente de braços abertos em seu lar ... ou melhor, mais precisamente no lar de Guida e António Morrasco.

Voltando atrás, Guidinha e António Morrasco faziam um casal lindo, até dava gosto de os ver no baile da Lapa, ao som de Marante ... sozinhos ocupavam a pista toda. Rodopiavam tanto, e a tal velocidade, que nem sei como se aguentavam em pé ... sim, porque não só os rodopios dão tonturas como também a pinga acaba, a dada altura, por subir à cabeça.

Guidinha passava a vida a queixar-se de António Morrasco. Quem passasse na rua conseguia ouvi-la a gritar que ele era um inútil. António Morrasco, por sua vez, passava a vida a queixar-se de Guidinha. Quem passasse na rua, precisamente na mesma altura, para além dos berros dela, conseguia também ouvi-lo a acusá-la de que ela era uma chata e que lhe roubava e escondia a pinga. Ele dizia que ela bebia tudo ... ela dizia que apenas se preocupava com a saúde dele ... as más línguas diziam era que ... vira o disco e toca o mesmo, e entre marido e mulher não se mete a colher!!!

A verdade é que, fosse para beber, fosse apenas para o proteger, Guidinha passava a vida a trocar-lhe as voltas, de tal maneira, que uma vez lhe trocou literalmente as voltas e ... as garrafas também, e ele acabou por beber lixívia ... não, não morreu, mas ficou limpinho... pelo menos era isso que ela lhe dizia, quando ele a acusava publicamente de o ter tentado matar para ficar com a sua reforma!!!


Sempre às cabeçadas, com insultos e alguma porrada à mistura, a verdade é que, ainda assim, eles viveram juntos mais de meio século, e só se separaram aquando da morte de António Morrasco, que tragicamente não havia de ter morrido em consequência do álcool, como Guidinha previa e gostava de gritar a alto e bom som para que toda a viela ouvisse, mas de um ataque do coração provocado por uma trágica derrota do FCP, a coisa que mais gostava (a seguir a Guidinha, claro).


E quem assistiu ao velório e ao funeral e a acompanhou nos anos seguintes, só a ouvia afirmar, que melhor homem à face da terra não existiu, homem bondoso e carinhoso, dedicado e que tinha uma coisa com ele ... era ser muito seu amigo...

7 Comments:

At 10:24 da manhã, Anonymous Anónimo said...

HA HA HA HA HA. Bi, mais uma vez me deliciaste com uma das tuas crónicas. Adorei. Não faço ideia onde arranjas ideias para escrever estas histórias.
Já agora aproveito para dizer que andamos a sentir a tua falta, tens andado meia desaparecida. Volta volta que estás perdoada.

 
At 10:27 da manhã, Anonymous Anónimo said...

HA HA HA HA HA. Bi, mais uma vez me deliciaste com uma das tuas crónicas. Adorei. Não faço ideia onde arranjas ideias para escrever estas histórias.
Já agora aproveito para dizer que andamos a sentir a tua falta, tens andado meia desaparecida. Volta volta que estás perdoada.

 
At 2:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

LOL BRAVO BRAVO BRAVO essa cabecinha não pára.
Mesmo que possa ser uma história que muitos de nós possamos estar familiarizados, a maneira como a expões é simplesmente deliciosa.
VIVA A BI
CLAP CLAP CLAP
BI BI BI BI

 
At 12:27 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Os cromos que tu conheces .. realmente. Começo mesmo a questionar-me se tu não serás um verdadeiro cromo também. És???

 
At 7:47 da tarde, Blogger Slipper said...

lolololol onde foste desencantar estas historia fabulástica??? Eheheheheh

beijocas

 
At 1:27 da manhã, Blogger OlgaMourato said...

eheheheheh
espectáculo :)
imaginação fértil =)

 
At 11:28 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Bairro com ambiente de cortar a faca esse!!!!! lolololololol :)

 

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